No dia 15 de abril será inaugurada em Campo Grande a República de Jovens “Soraia Chrun”, da Associação dos Anglicanos Solidários, instituição que tem como objetivo dar uma nova oportunidade a jovens de 18 a 21 anos que foram retirados do convívio familiar. O vereador Betinho é um dos apoiadores e articulou junto à Câmara Municipal a destinação de R$ 100 mil em emendas ao projeto.
Segundo ele, a iniciativa representa o resgate da dignidade. “Como assistente social de ofício, vejo isso como uma oportunidade para estes jovens construírem uma nova história. Este trabalho vai diminuir a desigualdade social, promovendo o resgate do ser humano. Estou muito feliz, pois estávamos há três anos discutindo essa proposta”, afirmou.
Como surgiu
A iniciativa surgiu a partir de um fomento por meio do juízo da da Vara da Infância, da Adolescência e do Idoso da Capital e da Paróquia Anglicana, juntamente com o vereador Betinho. O parlamentar levou inicialmente a discussão para o Legislativo e, em seguida, encaminhou ao Executivo, para que o município verificasse a viabilidade e preparasse um projeto.
A República de Jovens vai funcionar em uma casa localizada na Rua dos Arquitetos, na Vila Anahy. Betinho negociou com os demais vereadores para que cada um destinasse uma fatia de suas emendas parlamentares para obras de reforma e melhoria no imóvel. Ao todo, foram obtidos R$ 100 mil. A Associação dos Anglicanos Solidários fará a administração e o município vai auxiliar no custeio das despesas.
“Hoje o estado só ampara até os 18 anos, então o jovem que é vítima de abuso sexual, de violência ou maus-tratos, por exemplo, quando não tem mais ambiente no convívio familiar, ele é retirado e encaminhado para casas de apoio. Aí começa o problema, quando eles completam 18 anos, eles deixam estes locais e não têm para onde ir. Alguns acabam caindo no mundo das drogas, da prostitução e acabam até perdendo a própria vida. Dentro de casa eles terão a oportunidade de ficar até os 21 anos, sendo atendidos por profissionais especializados, com moradia, alimentação e qualificação, para que possam ter uma vida diferente e construir uma nova história”, disse.
República masculina para jovens
A instituição vai acolher inicialmente 10 rapazes egressos de abrigos, em situação de vulnerabilidade e risco social, com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, e que não tenham meios para o autossustento. Neste aspecto, vai oferecer moradia, alimentação, atendimento jurídico e psicossocial, além de qualificação profissional.
Conforme o plano de ação, a instituição buscará contribuir para o retorno familiar quando possível, promovendo o restabelecimento de vínculos. Além disso, vai preparar os jovens para serem independentes, fazendo com que tenham acesso a todas as documentações civis, acesso a treinamento visando o mercado de trabalho e acesso à renda.
“Acolher e garantir proteção integral. Contribuir para a prevenção de agravamento de situações negligência, violência e ruptura de vínculos. Restabelecer vínculos familiares e sociais. Possibilitar a convivência comunitária, promover acesso à rede socioassistencial. […] Favorecer o surgimento e desenvolvimento de aptidões e oportunidades, para que os indivíduos façam suas escolhas com autonomia”, lê-se nas metas do plano de trabalho.
Segundo frei Sérgio Wanderly, coordenador-geral da Associação dos Anglicanos Solidários, a República de Jovens vai prestar um importante serviço à comunidade. “Só foi possível chegarmos até aqui por contarmos com o vereador Betinho, que comprou essa causa desde o início, destinando emendas parlamentares dos vereadores da Câmara Municipal para a reforma e adequação do prédio da Paróquia Anglicana da Inclusão, bem como intermediou todo o processo de conquista de recursos continuados para a manutenção da República junto à Prefeitura Municipal de Campo Grande, através da Secretaria Municipal de Assistência Social”, destacou o frei.
Betinho quer levar a proposta para Brasília (DF), em busca de recursos para abertura de uma outra república, para atendimento do público feminino. “Vamos levar essa discussão aos nossos deputados federais, queremos que seja ampliado o atendimento, para que sejam abertas também não só uma casa para as meninas, mas que sejam abertas outras em todo Mato Grosso do Sul”, finalizou.