Pesquisa do jornalista Sergio Cruz, da Academia Sul-Matogrossense de Letras e do IHGMS
Vitima de emboscada, é assassinado em Campo Grande o radialista Edgar Lopes de Farias, 48 anos, conhecido como Escaramuça, nome de seus programas no rádio e na televisão. Os detalhes do delito estão num amplo relatório de Clarinha Glock para a SIP, Sociedade Interamericana de Imprensa, em 2000:
Como fazia sempre, Escaramuça havia saído de sua casa, no bairro São Francisco, em direção à Padaria Pão de Mel, localizada na Rua Amazonas esquina com a Rua Enoch Vieira de Almeida. Ali comprava os jornais do dia e tomava café. Falava com o proprietário do estabelecimento, Antônio Perciliano da Silva, e seguia para a Rádio Capital FM, a umas seis quadras adiante. À tarde, apresentava o programa Boca do Povo, de 40 minutos de duração, na televisão filiada à Rede Record.
Escaramuça e Perciliano se conheciam havia cerca de três anos, e tinham se aproximado pelo interesse comum, que era a política. Naquele dia, o radialista estava atrasado para o programa que começava às 6h30min. Por isso, ao entrar na padaria, deixou o carro, um Ford Landau azul, com o motor ligado, pegou os jornais, tomou um café rapidamente e saiu em seguida. Ao contrário do que ocorria sempre, quando o padeiro o acompanhava até a porta, desta vez Escaramuça saiu sozinho em direção ao veículo que estava estacionado em frente ao prédio.
Nesse momento, provavelmente alguém o chamou. Ao se virar, Escaramuça recebeu o primeiro tiro, que o atingiu próximo à axila. O assassino avançou em sua direção e disparou mais cinco vezes com uma arma calibre 12. Quase ao mesmo tempo, uma pessoa, que estava na esquina, atirou duas vezes com uma pistola 765. Uma das balas da pistola acertou o pneu do Ford Landau. A segunda pegou numa revista que estava exposta na banca dentro da padaria. Segundo a polícia apurou, os assassinos fugiram num Corsa branco, quatro portas, sem placa.
As pessoas que estavam no local no momento do crime dizem que não tiveram tempo de ver ninguém. Na hora do tiroteio, tentaram se proteger. Uma das testemunhas, procurada pela SIP, falou que não daria declarações porque, se dissesse alguma coisa, cortariam o seu pescoço e o da repórter. A outra pediu: “Quero que me esqueçam. Na hora em que aconteceu a tragédia, eu me assustei e saí correndo, quem ficaria ali?
Em 2016, última atualização desta publicação, o crime do Escaramuça continuava insolúvel e o inquérito policial arquivado. A polícia não sabe quem o matou e nem quem mandou matá-lo.