Campo Grande-MS
sábado, 26/07/2025

O câncer colorretal é um tumor que acomete o cólon e o reto, partes que compõem o intestino grosso. Dados do Instituto Nacional de Câncer apontam que a mortalidade prematura por câncer de intestino deve aumentar até 2030, entre homens e mulheres

Nesta semana o Brasil se despediu, comovido, de Preta Gil. A cantora, de 50 anos, faleceu em decorrência de um câncer colorretal — doença que, silenciosamente, tem avançado sobre faixas etárias cada vez mais novas. A morte precoce de uma artista tão vibrante escancarou uma realidade: o terceiro tipo de câncer mais comum no país está deixando de ser uma condição associada apenas à velhice. Diante desse cenário, especialista do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD/Ebserh) explica o que é o câncer colorretal, por que ele está se tornando mais frequente entre os jovens e o que pode ser feito para preveni-lo ou diagnosticá-lo a tempo.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a mortalidade prematura por câncer de intestino (antes dos 70 anos),  deve aumentar até 2030, tanto entre homens quanto entre mulheres. A projeção se relaciona não apenas ao envelhecimento populacional, mas também ao crescimento da incidência entre jovens, ao diagnóstico tardio e à baixa cobertura dos exames de rastreamento. Já um estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelou que, entre 2012 e 2021, o número de internações por câncer colorretal cresceu 80,3% entre beneficiários de planos de saúde, indicando que o avanço da doença ocorre de forma generalizada, alcançando diferentes perfis populacionais.

O câncer colorretal é um tumor que acomete o cólon e o reto, partes que compõem o intestino grosso. “São várias as causas do câncer colorretal, como idade (pacientes com 45 anos ou mais apresentam maior risco), história familiar (ter algum parente de primeiro grau que teve câncer colorretal), e principalmente fatores ambientais e comportamentais (obesidade, sedentarismo, baixa ingestão de fibras como frutas e legumes, tabagismo, consumo de álcool, dieta rica em carnes vermelhas e processadas”, explica a coloproctologista do HU-UFGD Débora Tagliari.

Sintomas e prevenção

Os principais sinais de alerta para o câncer colorretal incluem sangue nas fezes, alteração persistente no ritmo ou no formato das evacuações, dor abdominal contínua, perda de peso sem explicação, fraqueza, anemia e sensação de não ter evacuado completamente (tenesmo).

“Mas o mais importante é que o câncer colorretal surge de um pólipo. O pólipo é como se fosse uma verruga que aparece ali no intestino e evolui para o câncer. E esse pólipo muitas vezes não apresenta sintoma. Então o paciente pode não sentir nada e ter esse pólipo que pode um dia evoluir para câncer. Por isso a importância da colonoscopia, mesmo que a pessoa não tenha sintoma nenhum, mas que tenha mais do que 45 anos, porque pode ter um desses pólipos que são lesões precursoras do câncer, são lesões pré-malignas que não apresentam sintomas e podem ser retiradas pela colonoscopia e evitar a evolução desse pólipo para o câncer colorretal”, afirma a especialista.

A Dra Débora Tagliari esclarece que as principais formas de prevenção são realizar atividade física regular, evitar o sedentarismo e o consumo de álcool e tabaco, diminuir o peso, ter uma dieta rica em fibras e ter uma dieta reduzida em gorduras, em alimentos processados, carne vermelha, salame, presunto, salsicha, fast-foods, salgadinhos e bolachas recheadas.

“A dieta tem um impacto importante na prevenção da doença, mas a principal forma de prevenção é realizar a colonoscopia, a partir dos 45 anos ou antes se tiver algum sintoma como sangramento, sangue nas fezes, alteração do óbito intestinal, dor abdominal. Muitos lugares acabam pedindo exame de sangue oculto, porém não é uma forma de prevenção, porque é um exame que pode vir negativo e mesmo assim a pessoa ter a presença dos pólipos, que são as lesões que podem evoluir para o câncer colorretal. Então a colonoscopia é ainda o único exame que vai fazer o rastreio correto do câncer colorretal”, ressalta.

Câncer entre jovens e tratamentos

O aumento de casos entre jovens está mudando o perfil da oncologia no país. Esses pacientes frequentemente chegam com a doença em estágios mais avançados, em parte porque não estão incluídos nas faixas etárias dos programas de rastreamento. Esse cenário motivou a recomendação atual de início da colonoscopia a partir dos 45 anos (antes era a partir dos 50 anos) em pessoas de risco usual.

“Em relação ao tratamento, quando é uma lesão inicial pode ser tratada pelo próprio exame, pela própria colonoscopia, e lesões mais avançadas vão depender da localização que está esse câncer. Se o câncer for no reto muitas vezes é necessária quimioterapia, radioterapia, e depois a cirurgia em algumas situações. Já o câncer do colo, do intestino, precisa de cirurgia, podendo haver a necessidade de colocação de bolsa de ostomia”, conclui a coloproctologista Débora Tagliari.

O HU-UFGD faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde setembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011.

Fonte e Foto: Rede Ebserh | Por: Unidade de Comunicação Regional 25 (HU-UFGD)