Campo Grande-MS
quinta-feira, 24/07/2025

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), e integrantes da comitiva parlamentar que, embarcam para Washington na próxima semana, se reuniram virtualmente com o chanceler Mauro Vieira e a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti. 

Diplomatas, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Tatiana Prazeres, e o chefe de gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, Pedro Guerra, também participaram do encontro remoto.

A reunião tratou da Missão Oficial da Comissão Temporária Externa do Senado Brasileiro a Washington, que ocorrerá de 28 a 30 de julho, em resposta à escalada das tensões comerciais e à ameaça de perda de empregos tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. A missão foi criada pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) e aprovada pelo Plenário do Senado com o objetivo de fortalecer o diálogo político e econômico de alto nível com o Congresso norte-americano. Tem caráter institucional e suprapartidário, e não se propõe a negociar tarifas — atribuição exclusiva do Poder Executivo —, mas a cumprir o papel constitucional do Senado de defesa dos interesses nacionais.

Durante o encontro, o chanceler Mauro Vieira detalhou os esforços recentes do governo brasileiro em interlocuções com o setor privado norte-americano e com autoridades do Tesouro dos Estados Unidos, em articulação conduzida por diferentes ministérios.

Vieira ressaltou ainda que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos mantiveram superávit de US$ 410 milhões na balança com o Brasil e que a complementariedade entre as economias tem sido sistematicamente apresentada aos EUA.

Ao lado do chanceler, um dos embaixadores presentes relatou que os primeiros contatos entre os governos se deram antes mesmo do anúncio oficial das tarifas por Donald Trump em abril. Ele explicou que, embora o Brasil fosse citado entre os “15 sujos” pelos norte-americanos, o governo brasileiro sempre argumentou que, com déficit comercial, o país não deveria ser alvo das tarifas — como ocorre com Austrália e Reino Unido. A expectativa inicial era de negociação futura com o Brasil, com diversos encontros realizados após o anúncio, segundo o embaixador. Ele afirmou ainda que, no dia 4 de julho, a USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) informou que a decisão final seguia pendente da Casa Branca.

A secretária Tatiana Prazeres reforçou que o MDIC está à disposição dos senadores e que o vice-presidente também tem promovido encontros com o setor privado. Já Pedro Guerra destacou que o governo tem mapeado preocupações nas áreas de agronegócio, mineração, big techs e produtos perecíveis e afirmou haver um consenso entre os setores de que o caminho do diálogo é fundamental.

De acordo com estudos técnicos apresentados pela CRE, as novas tarifas impostas pelos EUA podem desestabilizar setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, a metalurgia, a energia, a indústria de transformação e a produção de celulose, colocando em risco até 1,9 milhão de empregos em estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Do lado americano, estados como Califórnia (US$ 7,19 bilhões), Flórida (US$ 6,15 bilhões), Texas (US$ 5,81 bilhões) e Nova Jersey (US$ 2,85 bilhões) dependem fortemente das exportações brasileiras — como petróleo bruto, ferro e aço, café, açúcar, carnes, celulose e peças de aeronaves — e agora enfrentam possíveis interrupções em cadeias produtivas estratégicas e fluxos bilaterais de investimento.

O líder da missão, senador Nelsinho Trad, reforçou: “Não temos a prerrogativa de abrir qualquer negociação, mas temos o dever de dialogar”.

Fonte e Foto: assessoria do senador Nelsinho Trad