Campo Grande-MS
sexta-feira, 4/10/2024

Este mês é marcado pela Campanha Maio Laranja (Lei 5.118 de 2017), que visa combater o abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Na sessão ordinária desta terça-feira (2), o deputado Pedrossian Neto (PSD) fez uso da tribuna para ressaltar a importância das ações que dão voz às vítimas desses crimes.  

“O Brasil ocupa a vice-liderança mundial neste crime, atrás apenas da Tailândia, um indicador que nos envergonha. Mais de 600 casos de estupro foram registrados somente neste ano em Mato Grosso do Sul. Neste fim de semana, demos início à campanha Maio Laranja, com uma mobilização na BR-163, onde motoristas foram abordados. As rodovias são pontos de vulnerabilidade, onde muitas meninas são levadas à exploração. Devemos erguer a voz, devemos ser a voz dessas crianças e adolescentes que são vítimas destes crimes tão perversos”, disse Pedrossian Neto, que fez questão de entregar aos colegas parlamentares um broche referente ao Maio Laranja.  

A convite da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), o juiz Robson Celeste Candeloro, titular da Vara Especializada em Crimes contra a Criança e o Adolescente de Campo Grande, também fez uso da tribuna para falar sobre a legislação de proteção à criança e adolescente. “Tivemos uma série de implementos na rede de proteção, como a criação dos Conselhos Tutelares e a recém-criada Lei Henry Borel. Apesar dos avanços legislativos, existem muitos desafios para alcançar a proteção integral da infância. Precisamos que as leis saiam do papel e sejam efetivadas. Enquanto houver uma criança sofrendo violência no íntimo da família, teremos falhado como Poder Público, como rede de proteção e até mesmo como sociedade”, relatou.

Triste realidade

Zaira Brito, representante do abrigo Segunda Casa, também participou da sessão ordinária, apresentando na tribuna o olhar de quem recebe as vítimas do abuso sexual infantil. “Mais de 400 crianças foram acolhidas em nossa entidade, sendo que 98% delas são vítimas de quem tem o seu sangue, como o pai e o avô. Falo em nome dessas crianças, que sofrem nas mãos de quem deveriam protegê-las. As consequências são devastadoras, pois elas carregam consigo o medo, o comportamento arisco, a depressão, os pensamentos suicidas e os distúrbios sexuais”, afirmou.         

Para Zaira, a sociedade deve dar voz às vítimas do abuso e da exploração sexual infantil. Atualmente, o abrigo não possui capacidade para receber mais crianças. Pedrossian Neto, Zeca do PT e Rafael Tavares (PRTB) assumiram o compromisso de ajudar a instituição com a transferência de emendas parlamentares.

Professor Rinaldo (Podemos), Mara Caseiro (PSDB) e Gleice Jane (PT) lamentaram que os episódios de abuso de crianças e adolescentes sejam recorrentes e chamaram atenção da população para se mobilizar na proteção desses inocentes. “Os abusadores contam com o silêncio de suas vítimas e isso pode ser quebrado por ações efetivas de todos nós”, disse Reinaldo.