O Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul celebrou na manhã desta segunda-feira, dia 23 de junho, a doação de 1 milhão de pães produzidos por presos que trabalham na Padaria da Liberdade, localizada no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira. O evento foi realizado no Sesc Sabor & Arte, unidade Centro, em Campo Grande.
Fomentada pela 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, a Padaria da Liberdade doa diariamente parte de sua produção para instituições beneficentes da capital. De acordo com o idealizador do projeto, juiz Albino Coimbra Neto, o objetivo de iniciativas como esta é transformar o Direito Penal em algo útil para a sociedade. “De nada adianta essas pessoas serem processadas, condenadas criminalmente a uma pena, a prisão, e ali permanecerem simplesmente como depósitos humanos”.
Segundo o magistrado, os reeducandos que participam do projeto da padaria e de outros promovidos pelo Judiciário, com o apoio de parcerias, sairão melhores e conscientes de seu papel perante a sociedade, e de cabeça erguida, “uma vez que cumpriram suas penas conforme a lei determina”.
O presidente da Fecomércio-MS, Edison Araújo, anfitrião da cerimônia, destacou que a instituição é parceira do projeto desde o início, com o fornecimento de cursos de capacitação na área de panificação e manipulação de alimentos pelo Senac, e com a entrega das doações por meio do programa Sesc Mesa Brasil.
“Esse projeto é apenas uma parte da grande contribuição que a Padaria da Liberdade tem proporcionado, pois, a cada pão entregue, estamos levando mais do que um simples alimento. Estamos levando dignidade, esperança e a oportunidade de um futuro melhor para quem mais precisa”, destacou Edison Araújo.
Outro parceiro fundamental para o êxito do projeto é a Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), da UFMS, responsável por garantir a venda legal dos produtos e a compra de insumos como trigo, açúcar e produtos de limpeza, assegurando o funcionamento contínuo da padaria.
Representando a universidade, o vice-reitor da UFMS, Albert Schiaveto de Souza, reafirmou a satisfação da instituição em fazer parte do projeto e anunciou a ampliação da parceria, com o ingresso dos cursos de Nutrição e Engenharia de Alimentos, que contribuirão com as atividades da padaria.
O supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização dos Sistemas Carcerário e Socioeducativo do Tribunal de Justiça de MS (GMF), desembargador Fernando Paes de Campos, enfatizou a importância da união entre instituições públicas e privadas, promovendo a execução penal com impacto positivo na sociedade. Destacou ainda a necessidade de replicar iniciativas como essa em todo o país.
O presidente do Tribunal de Justiça de MS, desembargador Dorival Renato Pavan, foi representado no evento pelo juiz Thiago Nagasawa Tanaka, auxiliar da Presidência. A vice-presidente da Amamsul, juíza Tatiana Said, também prestigiou o ato comemorativo.
Saiba mais – Desde sua criação, em 2021, a padaria foi idealizada para ser autossustentável. O financiamento inicial para a aquisição do maquinário veio de recursos arrecadados pelos próprios presos, a partir de um desconto de 10% nos salários dos detentos que trabalham por meio de convênios em Campo Grande.
A parceria com empresas que empregam mão de obra prisional garante o pagamento de um salário-mínimo aos internos que atuam diretamente na padaria. O modelo permite ao preso exercer uma atividade profissional, contribuindo tanto para sua ressocialização quanto para a sociedade.
Atualmente, são produzidos cerca de 6 mil pães por dia, vendidos a empresas terceirizadas que fornecem alimentação aos presídios. Desse total, 1.500 pães são doados a instituições que atendem populações vulneráveis.
Para a administração do TJMS a Padaria da Liberdade demonstra que o trabalho prisional pode trazer benefícios concretos. Com a produção e doação de alimentos, o projeto une ressocialização e impacto social, beneficiando tanto os internos quanto a comunidade.
Desde o início das doações, em junho de 2021, a Padaria da Liberdade já distribuiu mais de 32 toneladas de pães, via Mesa Brasil, a 112 instituições de Campo Grande.
Fonte e Foto: Secretaria de Comunicação – TJMS