Pesquisa do jornalista Sergio Cruz, da ASL e do IHGMS
Menos de um ano depois de retomar dos paraguaios a vila de Corumbá e abandoná-la, fustigado por um surto de varíola, o tenente-coronel Antonio Maria Coelho, manda à localidade em missão de inteligência, uma patrulha, comandada por um major em comissão, para observar o inimigo, que desde então, reocupara o lugar. De volta a Cuiabá, recebeu em 8 de junho de 1868, o seguinte relatório:
“Em virtude das ordens que v.s. se dignou dar-me em portaria de 24 de abril do corrente ano, passo a expor a v.s. as ocorrências havidas na viagem de exploração ao ponto de Corumbá, por mim empreendida em cumprimento às referidas ordens.
Cheguei em 20 de maio pela tarde no lugar denominado Arancuan, donde observei Corumbá, mas não podendo observá-la completamente, o fiz no dia seguinte, 21, depois das 9 horas da manhã, em consequência da grande cerração.
Do lugar onde me achava observei que não havia gente em Corumbá, nem navios no porto, que as trincheiras e todas as casas se achavam arrasadas, salvo muito poucas, que presumo sejam dos estrangeiros; que na praça pastavam livremente algumas reses, o que confirmava a não existência de gente ali; à vista disto determinei saltar na vila, não só para examiná-la minuciosamente, com também para prover-me de carne visto já me achar desprovido de víveres, o que de fato fiz.
Na ocasião de embicar a canoa apareceu uma sentinela que se ocultava num telheiro existente junto à margem do rio e disparou na direção da canoa sua espingarda, o que me fez retirar para o meio do rio, donde vi que um homem, em consequência do sinal da sentinela, saiu a cavalo para a estrada que chamam de Barão; observai mais que na popa de uma escuna, que existia na praia, se achava uma outra sentinela, que nenhum sinal deu com a minha chegada ali.
Depois desta ocorrência julguei necessário continuar a observação, a ver se apareciam alguns inimigos, para o que passei para o lado oposto, onde, convenientemente colocado, continuei a observar, porém, nada mais vi, nem ouvi sinal algum que indicasse existência de forças nas imediações. Julgando ter satisfeito o conteúdo da segunda parte das instruções, retirei-me um pouco para cima, onde fiz pouco e regressei no dia seguinte.
De volta da exploração, cheguei no acampamento do Cagange e 1 do corrente.
Tendo narrado fielmente todas as ocorrências que se deram em minha viagem.
Quartel do 1° batalhão provisório de infantaria, em Cuiabá, 8 de junho de 1868.- Ilm. sr. tenente-coronel Antonio Maria Coelho – Antonio de Oliveira Jamacuru, capitão em comissão.
FONTE: Correio Paulistano, 19/08/1868
FOTO: Fac-simile do ofício ao comandante Antonio Maria Coelho
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