Pesquisa do jornalista Sergio Cruz, da ASL e do IHGMS
Na primeira visita de um bispo ao Sul do Estado, dom Luis, prelazia de Mato Grosso, em Cuiabá, em Miranda desde o dia anterior, recebe, em 10 de agosto de 1886, homenagem do poder legislativo municipal:
Exmo. e Revmo. Sr. – A vila Nossa Senhora do Carmo, de Miranda, representada por seu legítimo órgão – a Municipalidade -, vem toda cheia do mais vivo prazer cumprir o agradável dever de manifestar a V. Exa. Rvma. os sentimentos jubilosos de seus habitantes pela feliz chegada de V. Exa. Revma. a esta comarca, depositando nas sagradas mãos de V. Exa. Revma. a mais respeitosa homenagem de amor filial e submissão que tributam a V. Exa. Revma. como o Supremo Chefe da Igreja Cuiabana. Nesse inefável prazer se juntam as ações de graças que dirigem ao Todo Poderoso, pelos benéficos resultados que toda esta vasta comarca há de infalivelmente colher de Vossa Divina Missão, pois que, a maioria dos habitantes sabem apenas por tradição pertencerem à vossa Diocese, e vós sois o primeiro bispo que pisais as terras desta grande e esperançosa parte de Mato Grosso. Felizmente sabem todos que pertencem à mesma religião, estejam ou não ao redor do Chefe. Aqui nos guia um digno ministro, nosso bom vigário, o vosso Delegado. Assim acontece, em toda a organização social, máxime tendo como base essencial de sua estabilidade, como ligamento que une todos os membros de uma mesma associação política: a Religião seja ela qual for. A nossa, felizmente, é aquela que já professamos, quando tão docemente nos foi imposta pela sábia constituição do império. Sendo por isso certo, que nenhum cidadão verdadeiramente brasileiro, deixará de se esforçar pela conservação dos dois poderes essenciais para a felicidade do país: Altar e Trono. Altar, por que foi sempre a pedra angular de todo o edifício social; se ele é destruído, estremece a sociedade até os seus fundamentos e este abala e conduz à dissolução, visto como é sabido que, desde as primeiras idades do mundo, quando ainda as nações existiam no embrião da tribo, quando o Patriarca era ao mesmo tempo Sacerdote e Chefe, o altar era o centro comum em roda do qual se reunia o povo, para pedir ou agradecer, para se ligar por deveres mútuos e finalmente para perdoar as ofensas.
Assim é que a existência do homem tem sempre andado ligada a um elemento que é primordial à mesma existência, e sem o qual não tem podido existir que individual quer coletivamente. Este elemento tão essencial assim à natureza e existência humana é a religião. O Trono porque nele paira a mais firme estabilidade de união do governo do Grande Império Brasileiro. Resultando pelo exposto que toda manifestação ou provas da adesão nossa, reverterá sempre em nosso benefício, em nossa própria felicidade. Exmo. e Revmo. Sr., é também do dever da edilidade assegurar à V. Exa. Rvma. que se o adiantamento da civilização ainda não atingiu aqui o ponto desejável, para que as demonstrações de rigozijo fossem maiores e iguais ao vosso elevado merecimento, todavia os nossos munícipes são verdadeiros cristãos e submissos a tudo quanto manda a Santa Madre Igreja. É esta a mais verdadeira e sincera homenagem que nos cumpre fielmente depositar em vossas sagradas mãos em nome daqueles que representamos.
Digne-se V. Exa. Rvma. aceitar e crer também que esperamos de vossa amável quão respeitável visita, uma nova e mais brilhante época para os habitantes deste extenso município, vossos humildes filhos em Jesus Cristo Nosso Senhor.
Miranda, 10 de agosto de 1886.
À V. Exa. Rvma. Sr. Bispo Diocesano D. Carlos Luiz D’Amour. O presidente, Tibério Augusto de Arruda, o vice-presidente, Luiz Generoso da Silva Albuquerque, Luiz da Costa Leite Falcão, Francisco Eugênio Moreira Serra, Miguel João da Costa, Joaquim da Costa Pereira.
FONTE: Luis-Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd., página 149.
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