Campo Grande-MS
quinta-feira, 30/10/2025

Os impactos da Rota Bioceânica no cenário contábil, econômico e social em Mato Grosso do Sul e no Brasil são o tema do Fórum Sul-Americano de Integração da Rota Bioceânica, que teve início nesta quinta-feira (30/10) e reuniu empresários, autoridades, gestores e contadores no auditório da Câmara Municipal de Campo Grande.

Enquanto as obras de construção de pontes e rodovias estão em estágio avançado, a discussão se volta para as novas oportunidades comerciais entre Brasil, Argentina, Paraguai e Chile, e para a superação de barreiras para assegurar a competitividade dos produtos regionais no mercado global.

Ao participar da abertura do fórum, o vice-presidente da Fiems, Crosara Júnior, falou sobre os produtos industriais de Mato Grosso do Sul que podem se beneficiar da rota e defendeu a redução da burocracia aduaneira entre os países.

“Mato Grosso do Sul tem muitas oportunidades de negócio com grãos, óleo, proteína, papel e celulose, que podem ser produzidos aqui e exportados através da rota. Vamos precisar de agilidade e velocidade nessas operações, porque entendemos que a rota só é viável se a gente conseguir construir um modelo de ‘free flow’, onde os produtos passam sem que uma rede de burocracia trave o movimento de cargas”, afirmou Crosara.

As oportunidades de negócio não se limitam ao setor industrial ou comercial. Prestadores de serviços também podem se beneficiar do aumento nas transações comerciais entre os países sul-americanos. Na visão do presidente do CRC-MS (Conselho Regional de Contabilidade de Mato Grosso do Sul), Otacílio dos Santos Nunes, o fórum tem como objetivo capacitar os profissionais de contabilidade para esse novo cenário.

“Precisamos estudar e nos preparar para receber essa demanda das indústrias, comércio exportador, empresas de logística, turismo. Temos de estar preparados para atender todo esse aparato de investimentos que vem junto com a Rota Bioceânica”, disse Otacílio.

O ministro de carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, João Carlos Parkinson de Castro, reconhece a dificuldade no trânsito de cargas pelas fronteiras terrestres e aponta a necessidade dos governos em melhorar o trânsito aduaneiro, de modo a beneficiar o setor produtivo.

“É todo um trabalho que terá seu tempo, porque é um processo de facilitação de comércio que está sendo iniciado agora. Há consciência, inclusive dos órgãos controladores, que temos de melhorar nossas fronteiras e realmente integrá-las. Há boa vontade e boa disposição para avançar nesses trabalhos. Também esperamos produzir resultados no curto prazo”, disse o ministro.

A cidade portuária chilena de Iquique abriga a segunda maior zona franca da América Latina, depois do Canal do Panamá. Com mais de 50 anos de experiência em comércio internacional, Iquique representa grandes oportunidades de negócio para os países da Rota Bioceânica, por fazer a ligação do continente com os mercados da Ásia e do Oceano Pacífico.

O prefeito chileno Mauricio Soria Macchiavello, ressaltou as vantagens em fazer parcerias comerciais com o Chile.

“O Chile é o país que tem mais tratados de livre comércio. Assim, pode-se usar a plataforma do Chile com produtos brasileiros, transformando-os no Chile, e eles podem se qualificar para uma rede de tratados de livre comércio com praticamente tarifa zero. Além disso, temos ainda a proximidade com os mercados da Ásia, economizando dias de navegação, buscando formas de transporte que, no final, sejam mais econômicas e permitam chegar ao Pacífico e do Pacífico a toda a costa asiática”, disse Soria.

Fonte e Fotos: Comunicação e Marketing – Fiems