Pesquisa do jornalista Sergio Cruz, do IHGMS
Morto em Cuiabá, com um tiro no rosto, o jornalista e empresário João Alves de Oliveira, proprietário e redator do “Diário de Cuiabá”. Executado por motivo torpe, o jornalista foi atingido quando acompanhava a distribuição do jornal, numa kombi da empresa. O criminoso alegou que cometeu o homicídio porque o jornal havia publicado uma notícia sobre um acidente no trânsito, envolvendo uma irmã.
Nascido em Cuiabá, Alves de Oliveira dedicou-se à comunicação social, com ligeira passagem pela política. Iniciou suas atividades na Rádio A Voz do Oeste, onde chegou à gerência da emissora. Dirigiu o jornalismo da emissora e alcançou grande popularidade com o programa “Crônica das 12 e cinco”, notabilizando-se como “Correspondente Cruzeiro do Sul”, que permaneceu no ar por muitos anos.
Atuou por algum tempo na Rádio Difusora Bom Jesus, de onde saiu para fundar o “Diário de Cuiabá”, que estava na sua primeira semana de circulação, quando ele foi assassinado.
As três emissoras de rádio de Cuiabá suspenderam sua programação normal no dia de sua morte e apresentaram programas especiais com músicas clássicas. Alves deixou esposa, Iris Capilé e dois filhos menores: Nadja e Gustavo.²
Na Cidade Alta, em Cuiabá há uma rua com o nome dele, como reconhecimento à sua vida dedicada à defesa da cidade.
Comentário de Íris Capilé, viúva de Alves de Oliveira, sobre este assunto, publicado no grupo “Cuiabá e Mato Grosso de Antanho”, do Facebook, em 4 de janeiro de 2024:
Lidia , Alves de Oliveira marcou de modo indelével a minha vida !
É o pai dos meus tres filhos porque além da Nadja e do Gustavo eu estava grávida da Paula que só nasceu oito meses depois da morte do pai.
O assassino , Antonio Lázaro Dock , matou meu marido por uma notícia sobre o primeiro acidente automobilístico do ano de 1969 , quando a irmã dele , Norma Dock , vinha de Sayonara onde passara a entrada do ano e ingerira bebida alcoólica , bateu na traseira de um táxi na Avenida Fernando Corrêa.
Estava em companhia de um rapaz que não era seu marido , como informou a Polícia ao repórter que coletou a notícia !
Esse foi o motivo da morte de uma figura exponencial de Cuiabá e Mato Grosso ,que contribuía através da Imprensa pelo desenvolvimento de sua terra !
Esse foi o motivo que me privou do meu amor , do pai dos meus filhos , do profissional brilhante que só acrescentava benesses a Cuiabá!
Esse foi o motivo para a destruição dos sonhos de uma família .
O Alves tinha pai , mãe , irmãos , sobrinhos , mulher e filhos , uma com menos de 4 anos, um com menos de 2 anos e outra na barriga.
Que honra pode custar tanto , mesmo que existisse ????
O dia 4 de janeiro sempre será motivo de sofrimento para mim.
A justiça dos homens condenou seu assassino que se tornou u. Pária por causa de uma irmã sem juizo !
Sua família sempre terá essa mácula !
E a justiça Divina ???
Alguém foge dela ?
Hoje tenho 80 anos , tinha 25 naquela época !
Tive que enfrentar um mundo que não conhecia para criar meus filhos e levar adiante o Diário de Cuiabá que na ocasião estava na sua quarta edição !
Tive a ajuda de Deus e de u. homem maravilhoso que como amigo do Alves não se negou a me ajudar !
Através dos anos , nos ligamos pelo coração e hoje quando ele já retornou à Morada do Pai , sou só gratidão a Adelino Praeiro , profissional competente que fez com que o Diário de Cuiabá perdurasse até hoje 55 anos após a tragédia !
Adelino foi o mestre do meu filho Gustavo , que com competência e amor , tem trilhado os mesmos passos do pai , da mãe e do tio !
Deus continua nos abençoando !!!
FONTE: Sangue no Oeste, Sergio Cruz, Uiclap, São Paulo, 2021, p. 206.
FOTO: Diário de Cuiabá